
A banda carioca Ponto de Equilíbrio, nasceu na Vila Isabel no final da década de noventa. A criação do grupo foi fruto de alguns encontros num refúgio hippie no interior do Rio.
Ponto traz uma forte influência do reggae roots, com mensagens de amor, igualdade e justiça misturada a outros elementos jamaicanos como o dub. Em sua última apresentação em Salvador, (16/08), o guitarrista Ras André bateu um papo com o Semente, confira!
Semente: Tocar em cidades como Salvador, apaixonada pelo Reggae acredito que seja algo diferenciado para vocês, qual é o sentimento com que a banda desembarca em Salvador?
Ras André: Realmente nós nos sentimos em casa ao tocar em Salvador, desde a primeira vez na República do Reggae 2006. Desde então nossa relação com o povo regueiro de Salvador tem crescido e ganhado força a cada apresentação.
Semente: E este momento da carreira de vocês, com a turnê do album "Abre a Janela", que foi lançado em maio e vem sendo apresentado em várias capitais, como é que esta sendo?
Ras André: Muito positivo! O disco foi lançado em todo o Brasil e em 14 países no exterior, e viemos fazendo concertos por várias cidades de Norte a Sul do país. A aceitação do público tem sido muito boa mesmo, todo mundo cantando as novas músicas e as novas versões.
Semente: O "Abre Caminho" marcou também o lançamento do selo de vocês, o Kilimanjaro, como é que foi e essa experiência de trabalhar com selo próprio? E vocês pretendem lançar produtos de outras bandas, como vai funcionar isso?

Ras André: Sempre fomos nós que gerimos nosso trabalho, desde os primeiros demos que foram distribuídos até esse nosso segundo disco, tudo foi feito por nossas mãos, é uma forma de podermos ter mais liberdade e fazer nossa música do nosso jeito. Tem sido positivo até então pela divulgação e pelo espaço que se abriu pra gente aqui no Brasil, onde a música ainda depende muito do mainstream pra se manter.
Semente: Salvador tem produzido ultimamente grandes festivais de Reggae, como o Tributo a Bob, República do Reggae, e agora o Dia de Encontro, que mostram ainda mais a força do ritmo aqui na Bahia, como é que vocês enxergam essas produções?
Ras André: Elas são essenciais para o crescimento da música Reggae no país, o Brasil tem que firmar de vez no circuito internacional do reggae. Temos de valorizar isso, e ainda mais, valorizar a música que fazemos aqui pois lá fora somos muito respeitados, assim também deveria ser em nossa casa.
Semente: Agora além do próprio reggae roots, com mensagens de amor igualdade e justiça, vocês também trabalham com uma mistura de outros elementos como o dub, e o samba. Então como é que funciona esta mistura?
Ras André: Procuramos trabalhar com as raízes do reggae jamaicano, e ao faze-lo, naturalmente temperamos com nosso sotaque, carioca, de Vila Isabel que é um dos berços do samba e muito rica em cultura afro-descendente. Com o tempo, amadurecemos essas influências e passamos a utilizar o reggae como um ritmo que integra todas elas, sempre buscando nossas raízes através da batida do coração nyabinghi.
Semente: Ao longo dos anos Salvador revelou bandas que se tornaram referência no cenário nacional, como a Mosiah, Adão Negro e a própria Diamba, com quem vocês se encontram neste próximo show. Então queria saber qual o contato com as produções baianas, vocês dão uma olhada no que se produz pelo Brasil a fora?
Ras André: Há bastante tempo o Reggae é feito com dignidade e respeito na Bahia, podemos citar vários nomes como Edson Gomes, Sine Calmon, Nengo Vieira entre outros. Acredito que há renovação na cena, com essas bandas todas que você citou, e de toda uma safra de novos artistas com uma proposta de realmente se aprofundar nas possibilidades que o reggae abre.